sábado, 21 de abril de 2007
A IGREJA TAMBÉM É ESPAÇO PARA INTEGRAR E INCLUIR
Por volta do ano 1250 a.C. conforme nos relata o Livro do Êxodo, revelou-se para o povo hebreu o nome de JAVE, o deus verdadeiro, que escuta o clamor daquele povo escravizado pelo Império Egípcio. O povo é liberto e Javé estabelece com ele uma aliança, ofertando-lhe leis que transformem as relações entre as pessoas.É um relato primordial para nós que queremos entender o que seria hoje o Reino de Deus e a sua justiça. E também o que são as relações entre os seres.O Faraó Egípcio, que explorava e escravizava o povo, temendo que este se organizasse, ordenou às parteiras hebréias que matassem todos os meninos, deixando que vivessem somente as meninas.Eis que a vida então se manifesta na casa do opressor: “Um homem da tribo de Levi casou-se com uma mulher da mesma tribo: ela concebeu e deu à luz um filho.” (Ex 2, 1-2a) Até aí, nada a estranhar quanto às relações pois tal homem e tal mulher são da mesma raça, fazem parte de um mesmo povo. Seguimos: “Vendo que era belo (o bebê), o escondeu por três meses.” (Ex 2, 2b)Chama-nos a atenção o termo era belo. Significaria, que o menino não tinha defeito físico, não era cego, portador de alguma síndrome? E se fosse o menino, não belo, estigmatizado com uma marca, teria sido essa vida, preservada pela mãe?Segue a narrativa: “Quando não pôde mais esconde-lo, pegou um cesto de papiro, vedou com betume e piche, colocou dentro a criança, e a depositou entre os juncos na margem do rio.” (Ex 2, 3) “A filha do Faraó desceu para tomar banho no rio... Ela viu o cesto... mandou apanhá-lo... Ao abrir o cesto, viu o menino. Compadecida, disse: “É uma criança dos hebreus!” (Ex 2, 4-5) Preservou aquela vida, aquele ser que nem da sua raça era e, quando o menino cresceu ela o adotou e deu-lhe o nome de Moisés.A princesa egípcia ultrapassa a questão racial adotando o menino hebreu. É o primeiro sinal de integração de povos que, pela relação de poder, opressor e oprimido, era natural que não se integrassem.Historicamente, relata-se desde a mais remota antiguidade, as políticas extremamente excludentes em relação às crianças “deficientes”. Na Grécia Antiga, essas eram deixadas em regiões montanhosas, onde certamente morriam de fome ou devoradas por alguma fera faminta. Em Roma, simplesmente eram jogadas nas corredeiras dos rios para que se afogassem.Aceitar os “deficientes” como indivíduos socialmente inseridos numa cultura de beleza e perfeição, por muito tempo foi impossível, pois “não se tratava de ódio, mas da razão que nos convida a separar as partes sãs daquelas que podem corrompê-las.” Misés (1977, p.14)Na Europa medieval os “deficientes” eram associados à imagem do diabo e aos atos de feitiçaria. Eram também continuamente perseguidos e mortos, estigmatizados pelas marcas que traziam, tornavam-se alvo de escandalosas crenças.Nós, como Igreja que hoje somos, estamos em condições de ultrapassar essa carga que vem sendo carregada por séculos pela raça humana? Podemos, como cristãos nos achar melhores ou superiores quanto às questões de raça, de condição mental ou física da humanidade? Ou será que o simples fato de sermos humanos não nos caracteriza como iguais? Qual é o nosso desafio? Qual é o nosso papel como Igreja?Devemos nos desfazer das superstições herdadas de nossos antepassados e aprendermos, nas pastorais a distribuir o que temos gratuitamente: dedicação, carinho, paciência, amor... Certamente poderemos também ajudar a transformar as relações entre os seres.
_________________________________________________________________________________Marina Luiza Subtil – Catequista, professora da Rede Pública Estadual, especializada em Deficiência Visual, estudante de Teologia no ITEPA.
sábado, 13 de agosto de 2011
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AOS AMIGOS QUE ME VISITAM
Fico agradecida às visitas ao blog, as palavras de carinho e incentivo me ajudam a prosseguir. Um grande abraço a todos.
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