MINHAS PRÁTICAS DE INCLUSÃO

Desde que tomei conhecimento de que na minha cidade, numa escola estadual, havia uma sala de recursos para atendimento aos alunos com deficiência visual, interessei-me pelo assunto. Depois fiquei sabendo também que na rede da 39ª Coordenadoria haviam sido cadastradas em torno de sessenta pessoas com DV. Nestes nove anos de trabalho junto aos alunos na sala de recursos, acolhi a idéia da inclusão com critérios claramente definidos, discutida em vários níveis, na escola e na sociedade, buscando contribuir para a autonomia dos alunos, sempre tão carentes de ajuda na superação de suas necessidades primordiais. O que considero de suma importância é a afinidade que podemos estabelecer com o aluno deficiente, pois é através desse vínculo de confiança que podemos aguçar seu interesse em promover cada vez mais sua cidadania, na busca de seus direitos primeiros, como documentação, aposentadorias, entre outros. Faço-os saber dos seus direitos, do que a legislação prevê para eles, pois do que eles necessitam é exatamente alguém que os oriente e que ao mesmo tempo os deixem caminhar. Depois, o incentivo à sua participação em cursos, fóruns, encontros, debates, associações, que só vem acrescentar um sabor especial na vida deles, pois sabem que não estão solitários em sua caminhada.

sexta-feira, 28 de agosto de 2009

SITUAÇÕES, DEPOIMENTOS E VIVÊNCIAS






“Tive um susto quando notei algo diferente com a minha visão”

Em seguida, busquei ajuda, mas os médicos que se dizem profissionais na área diagnosticaram que meus olhos estavam um pouco fracos, e um tratamento com vitaminas seria o suficiente. Esse tratamento se estendeu por um ano. Retornei ao médico, pois não sentia nenhuma melhora, pelo contrário e em seguida, fui encaminhada a outros profissionais aqui no estado e fora também em São Paulo, Paraná e Santa Catarina. Fui fazendo exames, testes, treinamentos, diagnósticos novos, repetitivos... Constataram que era o caso degenerativo que progredia rapidamente, Degeneração Macular em ambos os olhos, só que essa doença é comum em pessoas com idade superior a 70 anos um tanto raro acontecer antes, no meu caso aos 20 anos. Não foi fácil aceitar os fatos e iniciei um treinamento, para desenvolver com melhor eficácia a visão periférica, assim buscando um foco onde não demonstraria para as outras pessoas que não tinha visão central, especialmente na escola onde trabalhava. Sempre foi meu sonho ser professora, e estava fazendo aquilo que adorava muito: DAR AULAS. Trabalhei doze felizes anos não somente como minha profissão, mas como um DOM, que recebi para ensinar aos pequeninos os primeiros rabiscos. Antes de me formar já estava atuando como professora de Educação Infantil e de Língua Estrangeira, onde fazia questão de entregar com antecedência e eficácia todos os projetos, chamadas, planos, avaliações... (tudo para que as outras pessoas não soubessem que não tinha condições de fazê-los). Minha família sempre foi fundamental na execução destas tarefas, agradeço muito o empenho de meu marido.
Chegou o tempo que não conseguia reconhecer mais as pessoas, somente pela voz ou bem próximas, senti agravar a situação. Parei de freqüentar piscinas, clube, vida social, me isolei, agüentei até o limite, e com tristeza tive que reconhecer que não dava mais, não tinha saúde para trabalhar. As pessoas ficaram surpresas, de como eu realizei um bom trabalho com tantas dificuldades. No meu curso de línguas, escaneava todos os meus livros em fonte grande, adequada para minha visão, tive a nota máxima do curso onde foi mais uma vitória! Mas tudo ficou muito vazio quando tive que deixar minha escola, meus colegas, meus alunos que amava de paixão...
Então iniciaram terapias e mais terapias, para aceitar o afastamento e a mudança radical de minha vida. Fui levando dia a dia e me sentindo inútil, pois sempre ouvi de meu pai que “o trabalho dignifica o homem”! E quando o fazemos com prazer e amor nos realizamos duplamente. Mas com o passar do tempo, notei que aquele treinamento que havia feito com muito esforço financeiro não serviu quase para nada, somente mascarei o problema e para dar a volta foi mais difícil ainda, pois eu mesma não falei para quase ninguém do meu problema e agora como elas me entenderiam ou ajudariam, não podiam adivinhar a situação.
Agora aos poucos estou sendo eu mesma tenho baixa visão por degeneração da mácula, lesão da parte nobre do olho e tenho 20% da visão, sou mais feliz me aceitando, procuro fazer minhas atividades em casa com minhas duas filhas da melhor maneira possível, participo de um grupo de estudos sobre cegueira e baixa visão na UPF, faço trabalhos voluntários, participo do conselho municipal, sou atuante na sala de recursos e associação de deficientes, iniciei o curso de braile, acho um passo importante e difícil, pois com material ampliado eu consigo me defender e tenho que continuar lubrificando meus olhos executando leituras ampliadas. É assim que eu estou vivendo procuro um foco, me aproximo mais das coisas para ver melhor, e agora posso dizer que sou feliz em poder “ver” com clareza a beleza interior das pessoas que me acompanham e me aceitam como eu sou.


Adriana Della Senta
Carazinho- RS

2 comentários:

  1. Adri!

    Só quem conhece você, sabe o quanto é especial, é bom demais fazer parte da sua vida como uma irmã e grande amiga, e se você é feliz em poder ver com clareza a beleza interior das pessoas que te acompanham e te aceitam como és, posso dizer com certeza que Feliz somos nós por poder ter uma grande amizade como a tua, eterna e de um amor imenso, como se a nossa amizade fosse algo proveniente de outras vidas, algo que nos manterá unidas pra sempre...Te amamos muito amiga, dinda, comadre...bjos - SUSI

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  2. Adri!
    Sempre estivemos do seu lado e sempre procuramos te dar força e mostrar que Deus fecha uma porta para nós e abre várias janelas. O seu caso foi o que ele fez. Nos todos amamos muito você pois é especial para todos nós beijos. A sua família

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